Queria ter comentado antes, mas por motivos diversos não o fiz, apenas hoje acabei escrevendo, ainda que atrasado e relapso, não faltei ao tema. No último dia 24 de maio foi lançado o Gabinete Digital do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, atitude que se soma a outras tantas pelo mundo, com pretensão de aproximar governo e sociedade mediados pela internet. Mas será que é possível qualificar a política pública com o uso da internet? Provar que sim, que é possível, é o principal desafio do Gabinete Digital.
Lançamento do Gabinete Digital Foto: Caco Argemi/Palácio Piratini
O Gabinete Digital propõem formas de diálogo e participação social para qualificar a democracia, aproveitando as contemporâneas ferramentas de comunicação que são as Redes Sociais Digitais. O ato em si do lançamento não priorizou a potencialidade política da proposta e ferramentas, teve um ideário mais de festa, com muitos convidados e superprodução, foi um momento importante, mas somou pouco para o futuro da proposta apresentada. Sendo assim, e não seria diferente, o GD vai ter que se provar no dia a dia, na capacidade de mobilizar e qualificar o debate e a participação de forma inovadora, permeando o meio digital e o físico presencial de forma combinada e permanente.
Imagino, não tenho certeza, que a sensibilidade para construção de ações em redes sociais digitais permanentes no governo, tem na pessoa do governador Tarso Genro o seu principal entusiasta, primeiro por sua compreensão e importância das redes no cenário político contemporâneo, como demonstra recente artigo seu publicado na Folha de São Paulo AQUI, segundo pelos diversos acertos que sua campanha na internet teve. A título de curiosidade, no início dos anos 2000, Tarso Genro criou uma corrente interna no PT, chamava-se “Rede”.
O Gabinete Digital do Governador Tarso Genro foi lançado com três (3) ferramentas iniciais, em breve mais duas (2) serão disponibilizadas. Nessa primeira fase entram em funcionamento o Governo Escuta – atividade presencial com especialistas e transmissão ao vivo pela internet com chat aberto -; o Governador Responde – o governador responderá a pergunta da sociedade que for mais votada no portal no mês -; e a Agenda Colaborativa – forma da sociedade propor pautas e atividades nas agendas de interiorização do governo.
Vale ressaltar que o Governo Escuta já estava em funcionamento antes do dia 24, foi usado em duas ocasiões, debatendo o tema do bullying e discutindo o estrangeirismo na língua portuguesa. O segundo Governo Escuta foi essencial para a construção do veto parcial que Tarso Genro aplicou ao projeto do deputado Raul Carrion (PC do B/RS) AQUI, ou seja, essa ferramenta de participação digital foi importante para a participação social e decisão do governador. A democracia sobre um ato de governo foi expandida? Nesse caso, pontual, sem dúvida. Vitória do Gabinete Digital e da sociedade
Ainda assim muitos usuários terão de logar para que se efetive de fato a ferramenta, a política e o tão sonhado alargamento das possibilidades de exercício da democracia mediada pela internet. Como já comentei outras vezes, o paradigma da política pública 2.0 no país ainda está em aberto e por se consolidar, em geral a “transparência” e a “múltipla escolha sobre temas” e ações ganham prioridade frente à possibilidade de participação nas redes existentes em conjunto com a montagem de plataformas permanentes de debate e interação do Estado e a sociedade.
O paradigma inovador da gestão pública aberta e digital, será aquela que romper momentos específicos, tornando-se um canal vivo, qualificado e permanentemente capaz de articular a inteligência coletiva da sociedade e segmentá-la por áreas e graus de transparência, participação e proposição, articulada às instâncias presenciais de encaminhamentos concretos. Sendo assim, o Gabinete está no caminho certo, basta agora fazê-lo por quatro anos e ir para o abraço, por isso, parabéns a toda essa equipe chefiada pelo secretário Vinicius Wu, estão, sem dúvida alguma, fazendo história.
(* Post sem revisão)