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“O Futuro da Internet – Em direção a uma ciberdemocracia planetária” (parte I)

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O Futuro da Internet – Em direção a uma ciberdemocracia planetária

Começo hoje a leitura compartilhada do livro “O Futuro da Internet – Em direção a uma ciberdemocracia planetária” de Pierre Lévy e André Lemos, serão um mínimo de 13 posts curtos com os pontos centrais de cada capítulo. No último dia 15 publiquei a idéia da leitura compartilhada, leia AQUI para entender, hoje dou sequência.

Antes de começar a ler imaginei que o primeiro post deveria ser o capítulo I – “A Perspectiva da Emancipação”, ledo engano, o prefácio especial da Edição Brasileira é dividido em duas partes com mais de 30 páginas, sendo a 1ª: “A Mutação Inacabada da Esfera Pública”, e a 2ª: “Os Sentidos da Tecnologia: Cibercultura e Ciberdemocracia”, acumulados de informações riquíssimos e necessários de serem abordados.

Em “A Mutação Inacabada da Esfera Pública”, Lévy vai contextualizar as “transformações da esfera pública como resultado da expansão do ciberespaço”, atualizando o cenário e começando avaliar seu impacto no desenvolvimento democrático, em especial sobre a “deliberação coletiva”, segundo Lévy: “o ciberespaço permite uma liberação da expressão pública”.

Já no início o filósofo aborda uma questão interessante (para o futuro), defende ele a idéia de “Computação social” em vez de Web 2.0, seria o primeiro (em conceito) mais adequado com a idéia de que no ciberespaço se “constrói e compartilha de maneira colaborativa as memórias numéricas coletivas em escala mundial”, subvertendo as “distinções de status entre produtores, consumidores, críticos, editores e gestores da midiateca”, pois tem-se uma “série contínua de intervenções onde qualquer cada um pode desempenhar o papel que deseja”, inclusive na forma de etiquetar (tags) uma informação, “na era da computação social os conteúdos são criados e organizados pelos próprios utilizadores”, pela sociedade em sua amplitude, essa categorização não é mais exclusividade dos “mediadores culturais tradicionais” como do marketing.

Pierre Lévy

Partindo das constatações acima, Lévy vai afirmar que a “nova situação da comunicação no ciberespaço é o apagamento da distinção público/privado”, e por consequência, o “aumento da transparência” com a “multiplicação dos contatos implicam uma nova velocidade de circulação das idéias e dos comportamentos”, que provocam efeitos sobre a democracia e o que ele chama de os “quatro domínios estritamente independentes”, que são as capacidades de aquisição da informação, expressão, associação e deliberação cidadã, possibilitando assim o aumento da “inteligência coletiva” e a “potência do povo” que por sua vez irão renovar formas e intensidades de pressão sobre os governos por mais “transparência, abertura e diálogo”.

Esse paradigma de aumento da inteligência coletiva e igualmente aumento de pressão por transparência e participação nas administrações públicas, segundo o autor, tende a permanecer e aprofundar-se devido às três tendências que permanecem vigorosas no ciberespaço: “interconexão, comunidade e inteligência coletiva”, que formariam “um motor tecnocultural auto-organizado” nas redes sociais digitais, alicerçadas por avanços técnicos e tecnológicos, e “um empilhamento progressivo de camadas de endereçamento da informação” que começaram na década de 50 (séc. XX) com as primeiras memórias de computadores, seguiram com o crescimento da internet (anos 80) e a atual amplitude de endereçamento e “hiperligação entre as páginas” a partir do meio dos anos 90.

Segundo Lévy, por um lado, pela “primeira vez na história da humanidade o conjunto da memória e da comunicação mundial encontra-se reunido no mesmo ambiente técnico interconectado”, mas por outro lado “a nova esfera pública prossegue fragmentada” devido as diferentes línguas, irregularidades gramaticais e diferentes sistemas de classificação, questões que deverão em breve ser foco da próxima “nova onda de crescimento da interconexão”, rumo ao um “sistema universal de endereçamento dos conceitos”, uma questão nunca antes tida como central, visto que “o problema de coordenação e sincronização de uma memória mundial multicultural em tempo real nunca se colocou antes da nossa geração”.

O autor ainda afirma na 1ª parte do prefácio que essa necessidade e barreira a ser vencida numa próxima onda de interconexão, avançará através de um novo “sistema de coordenadas” como as elaboradas pela urgência das navegações, dos cálculos geográficas e espaço aéreo no passado. Lévy chega inclusive a identificar o papel de futuras USLs (Uniforme Semantic locators) em analogia as atuais URls (Uniforme resourse locators), as primeiras permitiriam “a sincronização e o inter-relacionamento automático”, se escrito sobre código IEML (information economy MetaLanguagem), as Tags teriam por exemplo “duas faces”, em uma “o USL escrito em IEML garantiria o cálculo automático das relações semânticas entre tags”, uma mediação entre as diferentes línguas naturais, em outra face, seriam “decodificadores” da língua natural, garantindo a “interação de utilizadores humanos com as tags e seu sentido”, a partir daí “a memória mundial poderia então ser balizada e explorada por uma sociedade descentralizada e colaborativa de agentes semânticos”. Do ponto de vista da Democracia, com o sucesso dessa próxima onda “as redes, grupos e comunidades de pessoas seriam capazes de refletir suas próprias inteligências coletivas em um espaço aberto à observação”.

Prossegue com “Os Sentidos da Tecnologia: Cibercultura e Ciberdemocracia” em breve.

* Acompanhe os post da leitura compartilhada clicando na capa do livro na barrea lateral;

* Post ainda não revisado.

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8 comentários sobre ““O Futuro da Internet – Em direção a uma ciberdemocracia planetária” (parte I)

  1. Marz disse:

    Tá vou comprar o livro esta semana na feira e vou fazer a leitura compartilhada contigo….me parece uma experiência legal…nunca fiz leitura compartilhada desta forma!
    Marzie

  2. Pingback: » Twitter entrevista

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