Filme

O Mamute está livre


Cartaz: Serge em sua moto Mamute.

Com olhar longe que mistura cansaço e satisfação, Serge tira pela última vez a touca obrigatória do frigorífico em que trabalha, encara o armário do vestiário como se ele tivesse metros de profundidade, abaixa a cabeça e arruma a vasta cabeleira. A aposentadoria tem início, mais próxima de um período de incertezas que descanço. Começa assim o filme Mamute (Mammuth 2010), protagonizado por Gérard Depardieu e dirigido por Gustave de Kervern e Benoît Delépine

Mamute vai do drama a comédia, retrata a vida do trabalhador Serge que embrutecido pelo trabalho chega a aposentadoria, tempo livre do qual ele fugia para evitar de prestar contas com seu passado, lembranças, abandonos e a permanente vontade de ser feliz. Mamute é a moto de Serge, que estava jogada desde sua juventude quando sofreu um acidente que custou uma vida e um amor.

O “trabalho” é a válvula de escape para esse homem, uma forma de se embrutecer até esquecer os sentimentos, a sensibilidade. O trabalho em Mamute é um conglomerado de processos repetitivos que desencantam a vida, mas por outro lado, criam um membrana de proteção e resignação que protegem Serge do passado, da vontade de aprender e de amar. Agora aposentado, desprotegido, sem o “trabalho” diário, esse homem deverá se descobrir em uma jornada na busca das declarações de outros empregos para complementar a aposentadoria.

Mamute é um filme lindo, engraçado e ao mesmo tempo denunciador de uma realidade, de um fato, o “trabalho” na sociedade capitalista amortece e embrutece as pessoas, apaga a criatividade e liquida a sensibilidade, por sorte Gerard levou com fantástica elegância Serge para a liberdade.

Vale conferir, em Porto Alegre está em cartaz no Guion da Cidade Baixa.

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